Com projetos premiados no Brasil e fora, a arquiteta paisagista Gabriella Ornaghi fala e defende com propriedade o assunto. Desde 2009 quando fundou o escritório que leva seu nome, Gabriella teve na carreira uma escola pelos jardins tropicais argumentando sempre a importância, sobretudo, de valorizar o bioma local aonde o projeto está inserido.
“Trabalhamos basicamente uma questão conservacionista, com vegetação nativa do local adequando o projeto ao bioma de onde estamos atuando. Para essa questão, num meio ambiental, nos preocupamos muito com esses partidos para o projeto fazer sentido e ser natural”, garante.
Em 2016 o escritório ganhou reforço da sócia Bianca Vasone (foto), que chegou firmando a conexão com o propósito de valorizar a relação do interior x exterior, e criar conexões verdes e naturais entre os espaços. “Esta relação da vegetação com a arquitetura tem uma continuidade num diálogo desde a apresentação com o cliente. Quanto mais cedo termos acesso ao projeto, mais rico o resultado”, acredita.
O encontro de Gabriela Ornaghi com a Neuhaus ocorreu na concepção do Botânico. O projeto tem um propósito, homenageado no título do edifício, em trazer a natureza para dentro de casa através de conexões visuais nas áreas de circulação e nos apartamentos, conectando o exterior com interior através de vegetações e plantas nativas. A área verde destinada é fundamental para o conforto, tanto ambiental quanto psicológico.
“O projeto busca trazer mais acolhimento e tranquilidade. Ter esse contato com a natureza é muito importante. Trazer a flora para dentro do terreno, e para próximo das pessoas, é uma intenção que temos, combinando até frutíferas quando é possível numa região ensolarada por exemplo”, comenta.
As soluções podem ocorrer em diferentes escalas, desde uma varanda, cobertura, casas até um lote ou condomínio. “Adoramos desenvolver estrutura para suporte de vegetação em lugares inusitados e cheios de desafios. No fim acabamos criando muito projeto em lote urbano, aonde pode ter pouca área de solo, e solucionamos verticalizando a vegetação”, conta.
Durante a pandemia, as pessoas se viram obrigadas a ficar dentro de suas casas. O movimento criou um novo olhar valorizando o local que habitam. “O paisagismo tornou-se uma necessidade. Esse contato das pessoas, manejando e entendendo como a planta cresce, foi um processo muitas vezes terapêutico. Essa proximidade de pôr a mão na terra virou um hábito”, acredita.
É fato que as pessoas passaram predominantemente a observar, contudo, a necessidade do verde dentro de casa. “A natureza traz um bem estar imenso. O paisagismo reforçou a importância de tornar o espaço mais funcional, com uma ocupação tanto para brincadeiras quanto para permanência”.
Outra importância observada é quanto ao conforto do ambiente. Para Gabriella Ornaghi, o paisagismo é uma ferramenta que valoriza o ecossistema com preocupações de conforto térmico, através de sombreamento e controlando a humidade relativa do ar.
“Nós temos que criar um projeto realmente adequado, tanto pensando nas espécies, quanto na volumetria. Pensar desde eixos visuais, aonde você pode querer algo mais adensado com uma preocupação com a privacidade por exemplo, ou numa maior amplitude. A vegetação precisa ser espontânea, se preocupando com uma questão funcional e estética”, finaliza.
